Ϛ O silêncio, às vezes, nos traz significativas reflexões... ele nos permite avaliar as mais íntimas percepções, os mais secretos sentimentos... que, quando externados, mostram quem realmente somos... Talvez não seja preciso falar... Basta perceber, observar e sentir. ï

domingo, 23 de janeiro de 2011

Caráter

Por mais que te caluniem, prossiga
O que tu és, tu o sabes... não basta?
Por mais que te atirem pedras, recolhe-as
O que é injusto será revelado... não crês?
Por mais que se distanciem de ti, espera
Os que de fato te amam, voltarão... não sentes?
Por mais que queiram te fazer sofrer, abençoa
O que mereces está guardado... não confias?
Por mais que faltem as forças
Por mais que as lágrimas caiam
Por mais que a resposta demore
Acredite, siga, creia, confie
Confie em si mesmo
Confie em seu caráter
É ele que sustentará sua jornada
É ele que fará com que todos vejam
Quem realmente és.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Demora

Era uma manhã de segunda-feira... Já era tarde, já passava das 8h. Ela estava atrasada. Tudo estava atrasado... mas ela nunca notara, até aquele dia...
Naquela pressa em se aprontar, ela parou em frente ao espelho. Era ela. Era ela? De fato, tudo estava atrasado: ela, as coisas, a vida enfim... Como não tinha percebido? Quem era ela? Onde estavam todos? Não havia ninguém... ela estava só. Há quanto tempo?
Já não conseguia sorrir, não se lembrava mais como se fazia isso. Soltou os cabelos. Sentiu falta de como eram lindos, como os adorava. Sentiu falta de si mesma. Sentiu falta de quem ela costumava ser. Sentiu falta dEle, do olhar dEle. Mas já era tarde, já passava das 8h, ela estava atrasada... Valeu a pena? Seria tarde demais?
A vida a esperava, a rotina esperava, ela estava atrasada, de novo. A vida a esperava. Vida?
De repente ela parou... tudo fazia sentido. Ela estava sozinha! Já não se lembrava mais de como era ser ela mesma, será que alguém lembrava? Será que Ele...
De súbito, sentou-se e pôs-se a procurar... O passado teima em se esconder, onde estaria? Onde ela havia perdido? Onde ela havia se perdido? Onde teria posto seu futuro, antes tão idealizado e agora empoeirado pelo tempo, pela vida. Vida?
Eis que Ele surge, materializado em um minúsculo papel escrito com caneta colorida. Era sua letra. Sua letra... também esquecida e arquivada pelo tempo, já nem se lembrava. Que horas eram? Nossa como ela estava atrasada! Mas Ele estava ali, só isso importava.
Após fitar aquele papel por um longo tempo, ela decidiu. Mas como agir? Como ser ela mesma novamente? Ela não se lembrava! 
            Ela disse "alô".
Ele se lembrava. Ele esperava. Ele sempre esperou.
De fato, a vida esperava. Então, ela resolveu viver.
E foi.

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Numa tarde de sexta-feira...

Foi difícil desviar os olhos
Havia uma sede de anos acumulada
Era como voltar a receber o alimento 
Por tanto tempo negado...
Alimento da alma, agora saciada
Não só de olhar, mas de beijos
Beijos cheios de passado
Beijos delicados
Beijos esperados
Foi difícil entender o que se passava
Nostalgia, contentamento, constrangimento?
Tudo, enfim
Olhar, abraço, beijo, olhar
Após sete anos, o passado ganhou ares de criança:
Saltitante, alegre, carinhosa
O passado quer ser presente
O passado é sonhador...
Hoje ele descobriu que, de fato, o tempo passa
Porém,
Instantes eternos, desejados, idealizados
Não são esquecidos pelo tempo... pelo contrário
Eles adormecem quietos, esperançosos e aguardam
O esperado dia em que um olhar os trará de volta
Numa tarde de sexta-feira, 
O passado e o presente se encontraram
Agora eles sonham em ser futuro
Mas isso é uma outra história...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Julgo, logo existo

Julgamentos, julgamentos....
Essência, individualidade, personalidade... onde?
Tudo é de todos, tudo é previsível, tudo é o que deve ser... pra quem?
O individual se perde na vastidão do ideal, do coletivo, do “normal”.
Liberdade, tolerância, afeto... quando?
O ter que rir, o ter que se portar, o ter que ser igual... até quando?
Hipocrisia, hipocrisia...
Seres distintos, mentes distintas, ideais distintos... sempre.
Acompanhar a marcha é fácil, cômodo, evita problemas, evita questionamentos...
O não-fazer é rebelde, mal humorado, do contra, antiquado... careta.
Uma vez fácil, comum, previsível: sem valor, sem autenticidade.
Paciência, paciência...
Desistir de ideais, vender sonhos, abandonar princípios... nunca.

Reprovação


Dezembro, janeiro... fim de ano letivo... férias. Para os que estão envolvidos no contexto escolar, esta é uma época de alívio, um momento para reacender a chama que nos rege nesse desafio que é a educação. Entretanto, é também nessa época que inúmeros corações aflitos esperam o resultado das avaliações finais e, para os professores, é a hora de exercer uma difícil tarefa: reprovar ou não reprovar?
Esse é o tempo dos famosos Conselhos de Classe, em que os mestres se reúnem para avaliar os seus discentes. Como me encontro nessa realidade há alguns anos, parei um pouco para refletir sobre o que representa uma reprovação. Até que ponto essa decisão pode interferir na vida de um ser em construção? “Ele está reprovado”, “Ela não tem condições de seguir em frente”... Será que, de fato, sabemos tomar essa decisão?
Para muitos, isso é bem simples: não atingiu o desempenho esperado, está reprovado. Todavia, é preciso observar melhor a história desse aluno. Será que, ao longo do ano, alguém notou que ele precisava de ajuda? Infelizmente, até hoje, a forma de se avaliar um desempenho se dá de forma quantitativa... Enquanto na escola somam-se notas, muitas vezes, na vida daquele aluno somam-se “nãos”, somam-se reprovações: a reprovação da sociedade, a reprovação de sua família, a sua autorreprovação, que se espelha não não-aceitação de si e por aí vai...
“Ele está reprovado!”, bradam muitos. Talvez aquele estudante já saiba... Talvez ele já tenha desistido de lutar, de tentar. Será como uma confirmação do que ele já se repetia: “por que fazer as atividades, por que me empenhar, sei que não conseguirei mesmo... eu sou burro, professora.” Foi o que um dia ouvi. É o que dizem a ele. E assim continuará sua vida escolar... ou não continuará. E o que teremos feito? E nosso papel na vida dessas pessoas?
Essa é uma enorme responsabilidade para os mestres. Obviamente, há aqueles alunos que simplesmente não quiseram se dedicar, mas também há aqueles que precisam de nós, precisam muito. Notamos em seus gestos, em seu olhar uma carência infinita. Creio que a questão não pode ser levada para o fim do ano. Precisamos acompanhar mais aqueles que estão sob nosso olhar diariamente, do contrário, estaremos retirando dessas pessoas o pouco da esperança e crédito no futuro que ainda lhes restam. Sem isso, eles não serão reprovados apenas pela escola, eles serão reprovados pela vida.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Mistério

Este texto fiz há algum tempo, já se vão quase dois anos... de fato, escrever sobre pessoas requer uma observação minuciosa... Cheguei a mostrar ao "ser observado" o resultado final de sua análise. Enfim, espero que ele tenha gostado...


O mistério que o envolve
Faz com que pareça ainda mais envolvente...
Ele tenta não se importar, ele tenta distanciar  
Distanciar as possibilidades
Distanciar as probabilidades
Evitar as desilusões
Evitar o sofrimento...
E até aborrecimento
Mas, para sua surpresa,
Esse agir causa outro efeito:
Ele atrai, e atrai de uma forma
Que ele jamais poderia imaginar
O modo sincero de ser
O jeito sincero de pensar
O sorriso sincero ao falar
O carinho comedido no tratar
O humor inteligente
Faz brotar dentro da gente
Uma admiração involuntária
Uma admiração distante, tímida...
Admiração...
Seu jeito nos faz pensar que talvez ele tenha razão
É preciso tocar, é preciso olhar, é preciso sentir
Sentir de fato, não apenas internamente
Sentir a pele, o toque, o cheiro, como ele diz
Senti-lo, não é difícil
Desvendá-lo, não é difícil
Esse mistério é simples de se decifrar
Ele quer viver um amor de verdade
Com cumplicidade
Com carinho
Um amor realmente amor
E basta

domingo, 2 de janeiro de 2011

Felicidade

Ao observar o noticiário desta sexta-feira, 31/12, vi invadirem minha sala expectativas de enriquecimento instantâneo... Ficar rico, milionário... De fato, é o que muitos sonham. Ser feliz é o que muitos almejam e, para isso, movem céus e terras.... O engraçado é que não nos damos conta do quanto somos felizes. Talvez, o pensamento coletivo veja a felicidade como um todo absoluto que vem de uma vez e não tem fim. Creio que não seja bem assim... A felicidade vem aos poucos, todas as vezes que um sorriso involuntário é despertado em nosso rosto. Ela vem como uma brisa que nos tira um pouco da rotina companheira em que estamos mergulhados.
Ao mesmo tempo em que acompanhava os relatos esperançosos de um futuro feliz e próspero proporcionado pelo dinheiro, comecei a prestar mais atenção ao meu sobrinho que brincava com meu colar em meu colo. Ele se divertia, totalmente alheio a toda aquela ganância... Ele sorria, brincava, estava feliz. De repente percebi o quanto eu também me sentia feliz com sua presença, com seu sorriso. Sim, naquele momento havia felicidade ali. A felicidade que vem nas pequenas coisas. Inesperadamente.
Sem dúvida o dinheiro facilita a nossa jornada nessa vida materialista, mesquinha, interesseira que precisamos enfrentar. É preciso pagar contas, engolir juros, ser “normal”, enfim, é preciso viver. Porém, não é ele que deve sustentar a nossa essência. Quando isso acontece, perde-se a humanidade do ser; e o que é realmente importante fica esquecido.
Para sermos felizes, precisamos aprender a observar, a silenciar, a não colocar expectativas... a enxergar o que a simplicidade nos traz. Sim, a felicidade é simples... ela vem de repente, não como a Mega Sena, mas, muitas vezes, espelhada em uma “mera” cena, como a de uma criança a sorrir. Fique atento(a)!

Again

Yesterday I “saw” him again......
The handsome guy was back in front my eyes
But I still can’t touch him
I still can’t see him truly, deeply…
He is happy; he seems to be happy…
His word flows normally…. Without me…
Oh, he is so gorgeous…
But this beauty is not only outside…
It’s in his gestures, his way to speak, in his eyes…
Oh, his eyes…
His eyes were equal: pure, distant, sincere…
I can’t describe myself when I see him
Something happens inside of me…
Admiration, friendship or enchantment?
I don’t know…
It’s difficult to explain…
It’s not to be explained…
It’s here only to be felt.

Mais uma chance...


Cada ano um recomeço...
O que seria dos homens sem essa promessa de renovação que o fim do ano traz? Essa ilusão de que se tem uma nova chance de recomeçar é indispensável para a condução da humanidade... Entretanto, seria possível cortar o tempo em fatias, como disse o mestre Drummond? Ninguém nota que a chance de dar um novo rumo à vida nos é proporcionada a cada amanhecer?
            Infelizmente é mais cômodo deixar que isso seja feito em datas pré-determinadas. “Segunda-feira eu começo o regime”, “amanhã eu faço”... “por que não ano que vem?” E assim a vida vai passando sem que notemos. Sem que percebamos o quanto ela é preciosa...
           O fim de ano se tornou pretexto para a concretização das hipocrisias... presentes, saudações e desejos antes nunca expostos. Por que apenas naquela data e não sempre? É como se fosse uma espécie de agenda a cumprir. “Pronto, já fiz a minha parte”. O que ninguém nota é que não precisamos de presentes ou votos para que acreditemos num futuro promissor. Temos a tendência de transmitir a responsabilidade de nossa felicidade para o ano que se inicia. “Espero que o ano que vem seja bom”. Todos esperam e poucos fazem isso acontecer... não está nas mãos dos outros essa conquista... e, sim, nas mãos de todos.  Inclua-se nisso!
            O ano que vem, o mês que vem, a semana que vem, o dia seguinte serão melhores a partir do momento em que formos melhores.

A Strong Arm

            I see him in a river...  At first, I could not see anything but his arms, his strong arms… suddenly I focused on his eyes and noticed that he was looking at an unknown place. In that moment, everything was all right, calm and silent… But his expression was not calm, he was not relaxed. There is something that worries him, not in that moment or in that river… It was something that is inside of him. In a place in the south of Brazil, there is a man with strong arms and strong face who has a dream: be happy.
When I saw him in that beautiful place, alone, I thought that loneliness is a special thing sometimes. It makes us observers of life, observers of people… I consider myself an observer, a lonely observer… this is the bad side of loneliness. It can be with us until the time we don’t notice its presence…. After, it’s sad, and it hurts. When I saw him in that river, alone, I noticed that he does not want to be alone anymore… he wants someone to divide particular things, particular moments… as that river, for example…. Someone who will love him sincerely, deeply… someone who will understand him, someone to be protected in those strong arms, someone to live a love for the whole life…
 However, where is she? Nobody knows… first of all, she’s in his mind, in his dreams, in his ways to face love, in his expectations about what love is.  I wonder if she is also looking for him… Yes she is, and when they meet each other, they will know, they will feel, they will be not alone anymore. He is strong, but now I’m not talking about his arms, he is strong inside and it can be noticed in his eyes, in his way to express himself with words, in the way he looks at that unknown point. In fact, he knows what point is that. He knows what he wants, and he will fight to reach it.

A sonnet for a handsome guy

It’s hard to explain what happened
When I saw his face for the first time…
His eyes passed something pure and sweet
And for a moment I thought “he will be mine”.

But life is not simple as we think:
The handsome guy lives so far, so far…
And the circumstances that we meet
Say that is not easy to gain this war.

Maybe he already loves someone
Maybe he wants to be alone
Maybe I’ll never know…

However, it’s clear that those eyes
Made me keep believing that
Reason leave us when feelings grow.

Frustração

A esperança de repente se esvai como uma nuvem que encobria o sol furtivamente...
Num instante a luz dissipa a última tentativa de controle e aquela que se sentia poderosa, imponente por tentar, e conseguir, por um momento, encobrir a força, à força... Desaparece impotente e submissa.
É o adeus da nuvem-esperança que sonha e aspira a dias nublados...

Sábado

Como que extasiada, parei diante de uma cena aparentemente comum, entretanto, que trouxe de volta inúmeras sensações antes escondidas ou arquivadas pelo tempo em minha memória... Era uma criança. Pode parecer óbvia a presença de crianças num parque àquela hora do dia, num desses sábados que convidam a todos a sorrir. Mas a cena a minha frente fez com que aquele sábado alegre se transformasse em diversos outros que vivi. Tempos em que o que me preocupava era apenas a presença de minha mãe por perto, se meu gatinho ia morrer, qual era o bicho que ficava escondido no escuro... se papai voltaria para casa... 
Passei a fitar uma criança que chorava apontando para uma banquinha de doces, dessas comuns nos parques. Dessas que estão ali para isso mesmo: fazer as crianças chorarem ao vê-las. A criança chorava e chorava. Ela dizia “mãe, jujuba, mãe, jujuba! Mas sua mãe parecia inerte a tudo aquilo. Com roupas simples, gestos tímidos, olhar pensativo... ela não tinha condições de comprar aquele doce para seu filho, ela não tinha condições de dar ao menos um sorriso. Era perceptível todo o peso que carregava em seus ombros, o peso de uma vida inteira cheia de “nãos”. Já não dizia “não” ao seu filho. Apenas calava. Surpreendentemente, aquela criança pareceu entender. Não teria o doce. Novamente não teria. Nunca teve.
Em silêncio, prossegui meu caminho. Minha infância feliz cheia de doces veio até mim a me embrulhar o estômago, a me dizer “você é feliz, vê?”. Infância...
 Aquele sábado feliz, que convidava todos a sorrir, não contava com uma coisa: a realidade. Ela de fato não é doce, por mais que choremos para que seja.
               

Frio

Incerteza que teima em se esvair pelos poros,
Dessa vez não tens razão de ser, muito menos de ficar!
Uma única vez em que se sentiu, que se viu
Aquele olhar, tão claro, tão doce e indeciso...
Capaz de movimentar e despertar sensações
Por tanto tempo inertes
Naquele dia em que se sentiu, que se viu, por um momento...
Do nada se fez uma esperança, de ser, de sentir...
Mas hoje a noite está fria, morna de sentimentos, quente talvez
Quente como aquele beijo, tão terno, tão doce, tão incerto...
Incerteza.... por que insistes em decretar o que já se sabia?
Deixa-nos num sonho possível, nos devaneios do talvez...
Incerteza, nada de dúvida trazes, és cruel e realista:
Nunca mais aquele olhar claro, aquele beijo terno, aquela indecisão...
Nunca mais...
A noite era quente, as palavras, frias
Ele disse “tchau”
E se foi.

A saudade

Sem menos esperarmos ela está ali
Calma, serena e fitar-nos
Aguardando o momento certo de se fazer notada
A saudade...
Uma música a traz de volta, um momento em silêncio
No meio a todo esse turbilhão que é o mundo
 Isso basta para que ela se revele
Hoje vi seu rosto... sorrindo pra mim
Do nada essa imagem veio... veio com ela
Com a música...
Lembrar que você ainda existe... e, pior,
Dentro de mim.