Ϛ O silêncio, às vezes, nos traz significativas reflexões... ele nos permite avaliar as mais íntimas percepções, os mais secretos sentimentos... que, quando externados, mostram quem realmente somos... Talvez não seja preciso falar... Basta perceber, observar e sentir. ï

sábado, 30 de abril de 2011

Um dia...



Um dia, nos damos conta de como estamos cansados
Damo-nos conta de que os anos passam
Damo-nos conta de que a vida é breve
De que palavras não ditas talvez não o sejam jamais
Damo-nos conta de que aquela era a hora
Era a hora de sorrir
Era a hora de consolar, de chorar, de falar
Damo-nos conta de que era realmente amor
De que príncipes encantados não existem
De que a felicidade não é utopia
De que trabalho não é tudo
De que nossos pais tinham razão
Damo-nos conta do quanto precisamos de Deus
De que Ele sempre esteve ali
Damo-nos conta de que amigos existem
De que sempre pudemos contar com eles
De que era preciso pedir desculpas
Era preciso perdoar, ligar, dar gargalhadas...
Damo-nos conta de que as pessoas não são perfeitas
E de que também não o somos
Um dia, nos damos conta de que não há mais tempo
A menos que esse dia seja hoje.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Apologia à gentileza


Humanos, hostis, insensíveis, intolerantes
Sorrisos se perdem em meio às barreiras que se erguem
Barreiras intransponíveis, feitas de ego, de orgulho
Feitas de nada, cheias de si, cheias
Grosserias, incompreensões, julgamentos, ressentimentos
Sem por que, sem pra quê, sem...
Um dia o hoje desiste de ser amanhã
E o talvez será adeus
E mais nada.

terça-feira, 12 de abril de 2011

Procurado



Procura-se o Futuro
Imaginado e enfeitado com fitas e plumas...
Ele foi visto pela última vez em um sonho
Estava calmo, sereno e tranquilo, feliz, enfim
Mas se deixou levar por um desconhecido astuto, também chamado de Destino.
Esse suposto sequestrador nunca foi visto, mas todos o temem, pois é famoso pelos seus atos imprevisíveis.
Não se tem notícia do Futuro desde a última primavera, ocasião em que sua dona até pensou tê-lo visto escondido em um sorriso espontâneo. Mas estava muito longe e ele fugia como se algo o impedisse de se libertar. Ela tentou segui-lo, mas foi impedida pelo Tempo, que tentou convencê-la a aguardar contato do sequestrador. Porém, a dona não se conforma, já está apreensiva quanto à integridade do seu Futuro. Quando questionado, o Tempo indagou que o melhor remédio era esperar. O que se sabe é que o Futuro seguiu o Destino rumo ao desconhecido. Testemunhas garantem que essa não é a primeira vez que o Destino tem o Futuro nas mãos. 
Mas nem tudo está perdido. Telefonemas anônimos relatam que o Futuro está próximo, pois foram encontradas pistas nos sorrisos ao redor da dona. Espera-se que  em breve esse caso seja solucionado. Enquanto isso, a dona segue o conselho do Tempo e espera pelo contato do Destino, que, se tudo ocorrer bem, trará seu Futuro feliz e sem maiores danos.

domingo, 10 de abril de 2011

Reféns do acaso



Quando paramos para pensar, notamos o quanto a vida é frágil. Vivemos rodeados de pessoas, que, por mais que convivamos com elas, nunca as conheceremos de fato. Solidão, silêncio, introspecção. Resquícios de, talvez, problemas interiores? Como saber? Muitos apreendem do silêncio o melhor que ele pode proporcionar, mas nem sempre é assim. A mente humana vem sendo estudada desde os primórdios, e, mesmo assim, somos surpreendidos dia a dia por atos que ultrapassam nosso entendimento.
Juventude... sinônimo de jovialidade, alegria de viver, perspectivas, sonhos... Será mesmo? Temos mania de generalizar as coisas. É mais fácil. A juventude doce que se prega na sociedade pode esconder (e esconde) casos que nada têm de padrão ou de “normalidade”. Sim, prega-se uma normalidade que esbarra numa coisa que muitos não se lembram: a personalidade, o individualismo, as armadilhas do desconhecido, da mente, que, muitas vezes involuntariamente, pregam peças nessa tal normalidade. De fato, a mente humana ainda nos surpreenderá com o que pode fazer. Traumas infantis, nãos acumulados, repressão, depressão, patologias ou tudo enfim, não se sabe. Nunca saberemos.  Atitudes impensadas, desequilibradas, de vez em quando vêm reger destinos, vêm sacrificar sonhos (dessa vez reais), vêm fragmentar famílias que nada podem fazer diante do acaso, do bárbaro.
Em meio a tantos avanços, tanta ganância, a essa aparente normalidade e rotina enfrentada por todos, que dia a dia seguem suas vidas como máquinas programadas, surgem atos impensados que vêm mostrar a todos o quanto somos vulneráveis, o quanto somos fracos, o quanto nossa vida é fugaz, limitada. Impossível prever o que o amanhã nos reserva. Os dias passam e as pessoas continuam a viver sem muitas vezes perceber quem nos acompanha nessa jornada. Bullying, solidão, depressão, não importa agora. Doze sonhos infantis se esvaem em segundos. Milhões de vidas se espedaçam minutos depois.
E o acaso nos seguirá para todo o sempre.